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26 May 2006

Zumm ao acordar III


- Filha, acorda. Já é de dia.
- ...
- Vá. Abre os olhinhos.
- Estou a tentar mas eles não querem abrir.

25 May 2006

Dia da Espiga



Passa-me todos os anos a data. Assim, preparem-se, este é um post temático. Sobre a data a assinalar (no calendário para ver se não me esqueço, outra vez).
Dou conta quando vejo os pequenos molhos de espiga e flores espalhados nos cestos das vendedoras de rua. A minha avó tinha o hábito de comprar um ramo todos os anos. A minha mãe ainda tem. Eu compro por arrasto na tradição. Este ano, para não ser só “arrastada”, decidi mergulhar um pouco na história. Aqui fica o que descobri (parece um post à Pinky, só que este não é mitológico. Hei-de fazer um a sério):

História religiosa
Ascensão de Jesus ao Céu - 40 dias depois da Ressurreição, apareceu Jesus pela última vez, aos seus Discípulos em Jerusalém e levou-os ao Monte das Oliveiras.
Depois de lhes ter renovado a promessa do Espírito Santo, ergueu as mãos ao céu e abençoou-os. Nesse mesmo instante começou a elevar-se no espaço e não tardou que uma nuvem o ocultasse aos olhos dos assistentes. Como estes continuassem a olhar o céu, apareceram-lhes dois anjos a anunciar que Jesus voltaria do mesmo modo que o viram subir. Então os Discípulos deixaram o Monte das Oliveiras e regressaram a Jerusalém.
Este dia encerra um ciclo de quarenta dias após a Páscoa.

Tradição
É costume as pessoas irem para os campos apanhar a espiga de trigo e outras flores silvestres, fazendo ramos simbólicos da fecundidade da terra e da alegria de viver. Um ramo pode ter espigas de trigo, folhagem de oliveira, malmequeres e papoilas. Pode também incluir centeio, cevada, aveia, margaridas, pampilhos, etc. Este ramo, em número de combinações variáveis conforme as localidades, pendura-se dentro de casa e aí se conserva durante um ano, até ser substituído pela “espiga” do ano seguinte.

O ramo
Cada elemento simboliza um desejo:

A espiga = que haja pão. Isto é, que nunca falte comida, que haja abundância em cada lar.

O ramo de folhas de oliveira = que haja paz. A pomba da paz traz no bico um ramo de oliveira. Também para que nunca falte a luz (divina). Antigamente as pessoas alumiavam-se com lamparinas de azeite, e o azeite faz-se com as azeitonas, fruto da oliveira.

Flores (malmequeres, papoilas, etc.) = que haja alegria. Esta é simbolizada pela cor das flores. O malmequer ainda «traz» ouro e prata, a papoila «traz» amor e vida e o alecrim «traz» saúde e força.

Conclusão
Nunca fui ao campo apanhar espigas. Nos dias de hoje é díficil fazer um ramo. E com a minha sorte então ... Vejamos: como vivo na cidade, vou ter de planear uma ida ao campo para fazer o meu ramo. Ao preço que a gasolina está e com portagens em todos os troços de estrada construídos, a ida ao campo é capaz de sair cara. A tentativa de apanhar as fraudes económicas em Portugal faz com que a legislação seja cerrada e assim arrisco-me a ser multada por apanhar ramos de oliveira (o azeite está caríssimo). Se fizer uns ramos extra para a família, também me arrisco a ser acusada de tentativa de venda sem licença.
Pensando bem, há um mercado aqui perto.

Feliz Dia da Espiga para todos.

24 May 2006

Zumm ao acordar II


- Gosto muito de ti mãe.
- Eu também, pipoquinha.
- E também vou gostar mesmo se fores velha.
- Eeeegh... Ainda bem filha. Mas ainda vai demorar até eu ser velha.
- Mas vou gostar de ti na mesma.

22 May 2006

Ícaro de mim

Nas asas do ensejo quero subir ainda mais. Perco-me no alto, não sei onde estou, respiro com dificuldade, o ar, o vento, os cabelos à minha volta. Numa fobia de azul-céu, ofusca-me a luz brilhante e sinto que não pertenço aqui. É demasiado alto. E desço vertiginosamente ocupando o mesmo lugar que anteriormente, numa ânsia inquieta de voltar a tentar. E com o Ícaro de mim a afligir a demência da mente, colo novamente as penas do momento, brancas, brilhantes, suaves, fartas, de anjo caído a quem eu tirei sorrateiramente umas penas para mim. O brilho azul chama-me. Fecho os olhos à luz mas ofereço a face, resplandecente e aguardo outro momento.

19 May 2006

Lisboa

A cidade onde nasci. Onde morei até aos 12 anos. Onde vivo de dia e passeio à noite. Cruzei e cruzo muitas ruas. Ainda não conheço todas. Os bairros característicos, os prédios, as praças, a história ainda em movimento. Eis Lisboa. Todos os dias, no eléctrico, no metro, no autocarro, no comboio, gente que passa e não lhe passa na ideia ver as ruas de outra maneira. Como se fossem turistas acabadinhos de chegar. E veriam com olhos de ver e não de olhar, Lisboa. Os prédios pareceriam mais bonitos, engraçados, teriam outro charme sobre o peso dos seus anos. As janelas formosas de Belém, de Alcântara, de Campo de Ourique, de Alfama que Maluda deu fama nos seus quadros. A Baixa seria um labirito simples de lojas e comércio à mão de fotografar, de saborear, de encher a vista e não saber para onde olhar primeiro. Os azulejos, tão bonitos e ricos em detalhes da história de Lisboa que já foram alvo de livros de autores ingleses (?!), seriam vistos como uma obra de arte e não como uma parede revestida – e que linda parede. Azulejos nas fachadas a emoldurar janelas, como esta de um restaurante no Bairro Alto.
As pedras da calçada portuguesa, tão distinta no nosso país, seriam evitadas pelos sapatos de quem passasse para poderem ser admiradas. E nós, que passamos a vida a olhar para o chão, não vemos nada. Não vemos os copiosos desenhos formados pelas pedras habilmente postas pelos calceteiros nos passeios, em edíficios onde a calçada entra pela porta. Ver também o fado, que dele Lisboa não se separa, que abriga como a um filho nas suas saias de varina. Um olhar de turista dentro de casa. Como se tudo fosse nosso (e é) e tivessemos o gosto de o mostrar a uma visita, quarto a quarto, sala a sala. E, numa amostra, de como seria, está Mariza que o faz como se estivesse em sua casa. Dá a voz a Lisboa num vídeo promocional da nossa capital portuguesa. Uma visão fadista na CNN. Que conheçam um pouco do fado pela mão de quem sabe cantar. Lá fora e cá dentro.

17 May 2006

Por aí

O dia está quente, convidativo, mais atrevido. Atrai as saias e os tops de tecido esvoaçante. Também eu fui atraída e sinto a brisa morna como uma cascata suave que me cai delicadamente em cima dos ombros. Não sou a única a sentir-me assim. Olho em volta para as pessoas que entram para o Metro e vejo ombros sorridentes.

Ouvi na rádio um comentário acerca dos 200 banhistas que já se encontravam na praia em Stº Amaro de Oeiras - ainda passava pouco tempo depois das 10h. A vontade do locutor transparecia na descrição – também ele estava com vontade de largar o microfone e juntar-se às pessoas deitadas sobre a areia.

Olho a rua despida. Restam, das árvores abatidas, trocos ainda agarrados ao chão. Apenas uma árvore nova foi plantada – tão fina que só tem alguns ramos esguios salpicados de uma dúzia de folhas. As àrvores em volta largam bolinhas de algodão numa chuva suave e delicada em homenagem à Primavera. Alguns dirão que será dedicada às alergias.

Respondo a um inquérito de rua. Dedico-me a vir a pé uma parte do caminho. Fujo dos olhares de um grupo de homens atravessando a rua (apanhei um trauma com grupos de rapazes e acabo por fugir de qualquer tipo de ajuntamento). Aproveito e vejo o menu do restaurante em frente, dirigido por uma “tia” que gosta de comida caseira. As refeições são boas mas um pouco caras.

Subo a rua e entro no emprego. E eis que o dia começa. Bom dia.

15 May 2006

Tem dias II

Os dias não são todos iguais. As noites também não. Não consegui dormir porque tive a companhia indesejada da insónia sentada ao lado da cama. Porque estava atenta, mesmo sem querer, e ouvi o barulho do ressonar do vizinho debaixo. Porque o hamster estava a fazer barulho com a roda onde gasta as parcas calorias que ingere, ou enche as bochechas até já não caber nem mais uma semente de girassol impedindo-o de entrar na casinha de barro, com janelas pequeninas onde só cabe o focinho. Porque ao tirar a roda, numa tentativa de reduzir o ruído do metal a girar em seco, levei uma mordida da maldita moradora (esta rata é um hamster zangado com tudo o que se mexe). E acabar com um penso no dedo às 3h da manhã, não é a minha ideia de uma noite relaxada. Porque o chá quente demora a arrefecer e queima em todas as frustrantes tentativas de os lábios sorverem um pouco de água perfumada com folhas aromáticas. Porque descobrir num programa às tantas da manhã que os churros são de origem espanhola e não portuguesa, foi um choque (a propósito, as farturas são de origem nacional, que eu já fui confirmar).
Porque hoje escrevo com o dedo polegar espetado como se fosse um isqueiro sempre aceso. Porque acabaram-se os copos de café e só se pode tirar bebidas nos copos altos do chá, que não cabem na abertura do café. Porque me esqueci do meu almoço em casa e só descobri quando já estava no trabalho. Porque a tira do sapato descolou-se e vou chegar a casa com um clip a prendê-lo. Porque o cabelo decidiu entrar no jogo e colou-se à cabeça com medo de cair no caminho.
Tem dias e não são todos iguais.

12 May 2006

Tem dias

Numa vida cheia de afazares é normal que haja dias mais atarefados. Ou invulgares.
Esta semana, num dia, consegui perder uma pequena carteirinha de bolso, DENTRO do bolso, a caminho da escola da minha filha. Sem me despedir dela, voltei apressada para a rua à procura da dita bolsinha, a pensar como é rápido estes objectos adquirirem novo dono. Fiz o caminho inverso. Até perguntei ao varredor de rua se a tinha visto. Voltei à escola, acomodada à ideia de não voltar a ver o recheio do pequeno objecto, para me despedir convenientemente da minha filha e dar uma última olhada ao chão da escola – a esperança é a última a morrer. Encontrei uma auxiliar e duas cozinheiras a contar o recheio da minha pequena bolsa. Parecia uma partilha dos despojos. Devolvida a bolsa com explicações pelo meio, sai em direcção a casa. Ainda falei com o varredor de rua que continuou à procura da bolsa, numa acção solidária.

O dia avançou. Na hora do almoço, fui ver de um cortinado numa loja aqui perto. Encontrei o que desejava e também um abajour que pretendia decorar. Na loja, a vendedora ainda tentou aliciar-me para um pequeno candeeiro mais adequado ao que eu procurava (e mais caro). Ao acender o mesmo, numa demonstração da potencialidade decorativa do objecto, a lâmpada explodiu, ficando o casquilho colado ao candeeiro, e deitando abaixo o sistema de Multibanco. Sorri, num sorriso amarelo e solidário à situação (não pude deixar de pensar “ainda bem que não comprei o candeeiro”). Não tinha dinheiro (em notas e moedas) comigo. Só tinha o cartão do Multibanco. Que não funcionava. Deixei tudo na loja, sem trazer nada.

No emprego, os pequenos recados sucediam-se. Também era o último dia para uma tarefa mensal. A ida para casa parecia cada vez mais longe. A tarefa parecia enguiçada e sem fim à vista. O computador não ajudou. O tempo também não porque não parou nem fez uma pausa para o café - a máquina do café também não queria funcionar, queixava-se da falta de temperatura. A tarefa terminou já era de noite.

Nem sei que conclusão postar. Uma treta.

11 May 2006

Quimera

A dor do vazio instala-se ao lado da indiferença. Andam de mãos dadas quando penso que saí fora em mim. Para um mundo desconhecido onde tudo se passa vagarosamente. A realidade é de perto o mais longe possível, a um passo de distância. Este mundo estranho, translúcido, passa serenamente por mim como para me acalmar ou para apenas me levar durante um momento. Não há nada nele. Escassamente, em instantes, surge quando a mente a divagar se ausenta de si mesma. Vai-se suavemente, dissolvendo-se com a realidade. Acordo. Estou de novo aqui.

03 May 2006

Campos de papoilas

Macias, sedosas, pequenas e vermelhas. Já não há campos de papoilas. Nem de malmequeres ou de outras flores em campos a perder de vista. (suspiro - imaginem isto com um olhar melancólico). O olho não se enche com uma só cor por cima do verde das folhas a perder-se no horizonte. A pupila, que é pequena mas consegue ver mais que o próprio tamanho, mal se enche com a visão de uma ou duas flores, aqui e ali, à beira da estrada ou povilhando os montes que resistem ao progresso.
A relva tomou conta dos jardins e parques por onde passeamos, onde as crianças brincam. As árvores parecem parcos e singulares monumentos, distantes da nossa fantasia de jardim onde a sua sombra cobre os bancos e repuxos de água frescos num convite ao descanso. (Mais suspiros - olhar desviado para outro lado).

E sem mais querer dizer, aqui fica uma imagem para quem tem saudades de ver um campo de papoilas. Isto está a ficar com ar lamechas mas eu quero ver uma campo de flores... seja de que qualidade for.