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31 October 2006

Acordar ao domingo II

Pois a pedido da AnadoCastelo, cá vai o resto da história.

O banho na casa da avó. É um acontecimento. É mais do que um banho. Não tenho banheira, tenho um poliban. É do mais práctico que há. Duche em 5 minutos, no meu caso talvez 20, com o recente problema do esquentador cerca de 1 hora. Mas na avó… é outra estória. Há uma banheira. E para uma menina de seis anos, aquela banheira vira natatória. Os olhos pequenos e redondos brilham enquanto a água corre em som de cascata a bater nas rochas. O nível sobe e com ele a ansiedade de mergulhar naquela água límpida. As bonecas tipo barbie são as primeiras. São atiradas com cuidado e afundam-se na água transparente. Depois, a minha filha entra. Um pé, depois outro. Mede a temperatura da água nas pernas e decide que está perfeita. Senta-se rapidamente e começa. Um sorriso estampa-se-lhe no rosto enquanto submerge o corpo e apanha as duas bonecas de sorriso congelado. Deixo-a brincar antes de a lavar e sento-me a apreciar o seu contentamento. Fico feliz por ela, com ela. Naquele momento, a felicidade está ali, ao alcance de um banho de imersão.

Gosto de a ver com o seu vestido verde e camisa de folhos e florzinhas, cabelo solto pelo ombro, movendo-se com graça a cada passo saltitante. Feliz, exibe um sorriso branco de dentes de leite, bochechas delicadas que fazem covinhas quando sorri, olhos grandes com pestanas fartas. Imagino-a daqui a uns anos. Prevejo-a diferente mas com um sorriso igual, covas marcadas, de olhos redondos sombreados por fartas pestanas pretas.

E no resto do dia beijo-lhe a face, pensado que não me canso de o fazer, nem a fartura de tantos beijos satisfazem o meu apetite por tal.

29 October 2006

Acordar ao domingo

Pela manhã, os olhos abrem e fecham várias vezes, como se tivessem um pequeno peso a impedir a sua abertura e a luz do sol aproveitasse cada piscadela para invadir cada milímetro da íris que recua perante a invasão solar. Esfrego os olhos e fico a aguardar que consigam finalmente abrir. Beijo o marido (agora noivo) e dou-lhe os bons-dias. Oiço a minha filha no quarto ao lado e digo-lhe bom-dia também. Vem fazer uma visita à nossa cama, como lhe é hábito pela manhã, o que me faz sempre sorrir. Tenho intenção de tomar banho e penso que já deve ser tarde e os vizinhos devem ter tido a mesma ideia e a água não chega para todos, pelo menos não ao sexto andar deste malfadado apartamento. Abro a torneira e não oiço o esquentador inteligente - a sua aptidão resume-se à sua capacidade de acender e apagar o pavio a cada girar de torneira de símbolo vermelho. A água fria jorra do duche e confirma os meus receios. Não está tempo de duches frios apesar do Verão de S. Martinho ter chegado. Torço o nariz e vou pedir socorro ao marido - perdão, noivo - que assume o papel de cavaleiro andante e ajuda-me a tomar um banho improvisado de "jarradas" (água em jarro). Sinto que recuei no tempo e fico a imaginar como seria tomar banho há dois séculos. As senhoras em tinas de madeiras onde as criadas levantavam jarros de bronze aquecidos à lareira e deitavam a preciosa água quente pelas costas das damas enquanto estas se esfregavam com pequenas toalhas de algodão. Até estes banhos desprovidos de água canalizada foram mais nobres que o meu duche de hoje.
O sorriso da minha filha faz-me pensar que não quero que ela passe pelo mesmo tipo de limpeza higiénica que eu. Faz-me falta uma banheira e sei quem tem uma: a avó. É para lá que vou.

23 October 2006

Humor ginastical


Aparentemente fico com um melhor humor depois de fazer com que todos os poros do meu corpo transpirarem (entenda-se “entrei para um ginásio”). Liberto a letargia matinal para ganhar uma energia renovada igual àquela que surge a meio da tarde, a mesma que, num dia comum, demora horas a chegar e só vai embora de madrugada, como se embarcasse numa longa viagem, onde o sono fosse o seu meio de transporte, igual a um comboio que não parte a horas e não sabe a que horas chega.
Assim se passou a manhã, num esforço que espero vir a ser recompensado, de ritmo acelarado, para eventualmente fazer bem à saúde e mal aos indesejados “pneus”. Não consigo, ainda, imaginar-me melhor. Parece algo ainda muito distante. Parece-me na verdade inalcançável. O tempo o dirá.

19 October 2006

Sonho incerto

E palmilho a incerteza, procuro-lhe os pontos fracos, injecto neles as minhas certezas e transformo-os em sonhos palpáveis. Num lago achatado de águas claras, vejo espelhado o fruto do meu forçado descanso, como numa visão - surge em névoa, cenas curtas de filme entrelaçadas, desenrolando um sonho sonhado num misto de verdade e mentira. E acredito. Acredito na minha visão, acalenta-me a alma e anseio o dia em que será verdade, conto agora os meses, os dias, à espera do meu sonho, tão diferente de outros tantos, igual a tantos outros.

10 October 2006

Zunido ao ouvido de Deus

E porque Deus está em todo lado, porque é omnipotente, porque nos ajuda em tanto sem nada pedir em troca, porque somos ingratos e a única coisa que Ele precisa é de um “obrigado” aqui deixo o meu:

Obrigada meu Deus por este dia. Agradeço as coisas boas que me aconteceram. Abençoa esta noite que inicia e todos os que nela ingressem.

04 October 2006

Consumista e descartável

Estamos numa época de consumismo. Ninguém nega. Eu também uso produtos que faz de mim uma típica consumista. Levo-os para casa e a minha família também consome os ditos produtos. Estes têm características comuns, que faz deles produtos de usar e deitar fora. O shampoo acaba e frasco para o lixo; o iogurte come-se e a caixa vai fora; o sumo bebe-se e a garrafa vai embora. Isto está tão incutido na nossa vida quotidiana que os mais novos habituam-se a “identificar” estes produtos e lixo com eles.
Este fim-de-semana, comprei umas formas pequenas com tampa, próprias para doces. Fiz gelatina e usei as ditas caixas. Brancas, de plástico, de formas finas. A minha filha acabou de comer a sua gelatina e pedi-lhe a caixa para lavar:
- Qual caixa?
- A caixa onde estava a gelatina.
- Ah. Deitei no lixo.
- Porquê? Não era para deitar...
- Pensei que era para deitar fora.

E pronto. Caixinhas para o lixo, que isto de ter ar de copos de plástico é igual a ser descartável.