CLICK HERE FOR BLOGGER TEMPLATES AND MYSPACE LAYOUTS »

15 November 2006

Novembro


Fiapos de nevoeiro entravam pelas escadas do Metro, em formas fantasmagóricas recortadas pela luz dos candeeiros. O vento fraco empurrava a neblina para dentro dos cafés, para dentro das janelas abertas dos carros parados nos semáforos, pelas ruas, por cima dos prédios. Foi neste cenário que sai do Metro, ontem, quando me dirigia para casa. Pensei que finalmente justificava o casaco que levava vestido, o mesmo que parecia tão desasjustado de manhã quando o sol se fazia sentir por entre as nuvens.
Segui de carro pela estrada dos Salgados. Cobertas pelo nevoeiro, as árvores deixavam apenas o tronco e alguns ramos à vista. Parecia um túnel, um túnel de névoa. A fonte, ao fundo, não se via. Na estrada iluminada pelos postes do passeio, os carros seguiam com prudência. Algumas pessoas andavam por ali também mas eram apenas vultos negros debaixo das luzes amarelas. O campo ao lado da estrada não se avistava. Parecia que tinham erguido paredes e não haveria forma de sair daquele túnel. Mais adiante, nos semáforos, o cenário era mais bonito. Derrepente a névoa terminava ali, onde começam as decorações do Natal, luzinhas a iluminar as ruas de diversas formas e feitios.
Cheguei a casa e pensei que finalmente parecia o tempo de Inverno que me lembrava em criança. Olhei para a rua, pela janela da cozinha, àquelas horas em que o silêncio reina, apenas quebrado pela passagem de um carro ou pelo som das pessoas que passam na rua - do sexto andar, no sossego da noite, consigo ouvir as conversas de quem por ali passa como se estivessem na minha sala em amena cavaqueira - olhei e vi a paisagem nocturna, cheia de luzes e reflexos. Aqui e ali, por entre os prédios, bocados escuros, opacos, como se tivessem enchido as ruas com algodão e a cidade esperasse em pose por uma fotografia não tirada. A névoa tinha descido à cidade e passeava-se por entre as ruas tal serpente por entre troncos.
Abri um pouco a janela. O frio entrou. Estendi a mão para fora e senti a humidade da noite. Recolhi-me e fechei a janela. Ia saber-me bem entrar para a cama, agora com lençois de flanela e chegar-me para perto do meu noivo já adormecido.
E assim foi.

1 ferroadas:

AnadoCastelo said...

Oh o que eu perdi por ter ficado em casa. O nevoeiro é perigoso mas eu gosto de o ver, apesar de saber que logo depois vem tempestade. E assim é, hoje já choveu num dia o que deveria de chover numa semana.
Mas é assim o começo do inverno!!!
Bjs