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28 February 2007

Gaivota

Saio de casa e está a chover. Uma chuva miudinha. Não tenho chapéu e sinto as gotas de água na face. Fecho os olhos e durante um momento imagino que estou na praia. A cara está molhada. Sinto a brisa do mar que trouxe no seu manto, faripas de ondas, bocados de espuma. E de repente o cheiro de maresia aflora-se debaixo do meu nariz. Oiço uma gaivota. Imagino um dia de sol, brilhante, com o céu azul. Abro os olhos. O céu está cinzento. A chuva continua a cair. Estou molhada da chuva e não da maresia. Mas a gaivota... é verdade. Está uma gaivota a sobrevoar os céus à porta da minha casa.
E sorri. Falta pouco para a Primavera. Vou esperar para ir até à beira-mar e aí verei as gaivotas sobre as rochas, andando na areia, voando em voos taciturnos sob a água agitada.

26 February 2007

Eeeeh...huumm...


23 February 2007

Avó Carolina I

A minha avó tem 83 anos. É a avó que me resta. Tenho muito carinho por ela.
Mulher de armas, não parava a não ser para dormir. Sempre muito limpa e arrumada, viveu a sua vida como o caminho que escolheu, ou que lhe restou escolher para si: com muito trabalho, com muita labuta. Lembro-me dos tempos em que me sentava no colo dela, para beber o leite do biberão, do cheiro a detergente da loiça acabada de lavar que emanava das mãos dela enquanto me segurava no colo já pequeno para mim. Das comidas feitas no fogão a gás, em cima da pedra mármore da chaminé, trono que usara muitas vezes para cozinhar e para deixar que as tristezas lhe assaltassem o pensamento. Já não existe esse trono, nem o castelo que o acompanha. A casa era alugada e pertencia, sempre pertenceu, ao senhorio. Mais de quarenta anos não couberam na folha de papel assinada que legitimava a saída indesejada da casa que era sua.
Nunca o senhorio saberá as histórias daquela casa. As vidas que por ali passaram. Tantas. Que debaixo daquele tecto nasceram histórias de aterrorizar os mais valentes, nasceram intrigas, cultivaram-se desavenças, onde as paredes foram únicas testemunhas de infelicidades, de aflições. Também nasceram vidas ali dentro daquelas paredes, nem todas foram simples, mesmo à nascença.

No rosto redondo tem rugas macias, vincadas pela vida dura, olhos cor verde-azeitona, que vão ficando do tamanho de quem lhes dá cor. Um sorriso sempre no rosto mesmo quando sofre e quem a conhece, mesmo que a conheça bem, tem dificuldade em perceber quando sofre. Sofre em silêncio. Um sofrimento de doenças, de saudades de tempos idos, de pessoas que já morreram, dos primos falecidos com quem brincava na infância, da mãe que morreu quando ela ainda tinha doze esgazelados anos e lhe deixou a responsabilidade de ser a mais velha das três irmãs. Por ela, a sua mãe, é que a saudade nunca diminuiu, só aumentou. São 75 anos de saudades convertidos em lágrimas deitadas pela cara abaixo. E dela fala como se estivesse a falar de um anjo. Da sua doçura para com as filhas, da sua paciência, da sua generosidade, da sua compaixão por quem era pobre. A minha maezinha era incapaz de fechar a porta a quem viesse lhe pedir, por favor, um prato de sopa para comer, diz. Convidava a entrar na modesta casa onde viviam e oferecia o que tinha no lume de lenha, mesmo que só houvesse o seu prato de comida para dar, diz-me enquanto limpa os olhos. De todas as vezes que fala na mãe as lágrimas fazem companhia às suas palavras. Já me habituei a que assim seja.
E ouço os relatos de uma bisavó que nunca conheci, do anjo que o Senhor levou tão cedo, ceifada à vida tão nova.

19 February 2007

Só uma mulher sabe o que é...

* Passar a vida inteira a lutar contra o seu próprio cabelo.
* Comprar uma camisola que não combina com nada, mas que pelo preço estava irresistivel!
* Saber de memória os aniversários, quem se casou e quem se separou.

* Ter uma bolsa que parece a 'necessaire' da avó do 007, de tantas coisas acumuladas e incríveis que existem lá dentro.
* Falar de intimidades que os homens nem sequer imaginam.
* Ser tratada como uma idiota pelos mecânicos de uma oficina.
* Fingir naturalidade durante um exame ginecológico.
* O poder de uns jeans, o de uma blusa de lycra, para sustentar a estrutura do corpo.
* Ter crises conjugais, crises existenciais, crises de identidade, crises de nervos!
* Ser mãe solteira, mãe casada, mãe separada e... mãe do marido.
* Ver uma partida de futebol (só para fazer companhia ao namorado).
* Comer uma caixa inteira de bombons porque brigou com o namorado, sentir-se mal, e de se sentir destruida porque saiu da dieta.
* Escutar que "mulher ao volante é um perigo constante."
* Depilar as pernas cada 15 dias, com cera!
* Como se sente ao rasgar as meias na entrada de uma festa.
* Sentir-se pronta para conquistar o mundo, quando está usando um batom novo.
* Colocar uma cinta apertada para disfarçar a barriga.
* Dançar, cantar e caminhar no sétimo céu... só porque "ele" ligou ou escreveu.
* Brigar, só para depois fazer as pazes.
* Dizer não, para que ele insista bastante, e depois dizer... sim!
* Ficar esperando o marido na cama, quando ele está 'vidrado' no computador...
* O milagroso poder curativo de... um beijo..., um gesto..., e de uma palavra
doce.
* Ser santa, filósofa, mestra, médica, psicóloga, redentora, administradora, cozinheira, organizadora, juíza...
* Chorar, extasiada de felicidade, e... rir de fúria...
(De um e-mail que recebi e do qual me ri de nervoso miudinho....)

07 February 2007

Cenário aquático

E eis que comprado um set de peixes de silicone, a cena ao lado foi criada pela petiz que quis disfarçar o facto de ter rasgado a cauda de um dos peixes... e eu sinto-me orgulhosa de não ter havidos choros, nem discussões mas sim uma solução criativa.