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10 August 2006

Acerca do hospital das vacas em fibra de vidro


Leio numa notícia de hoje num jornal de referência, o título “Últimas doentes do hospital CowParede regressam hoje às ruas”. Parece-me ridículo. As vacas em fibra de vidro espalhadas pela cidade de Lisboa foram temporariamente removidas dos seus locais de exposição e levadas para um “hospital” só para elas, ondem podem “recuperar” a forma. Penso nisto a quente. Criámos um hospital (ok, é tipo atelier mas foi criado à mesma) só para as vacas – que nem sequer são verdadeiras ruminantes, com coração, sangue e pouco cérebro. São de FIBRA DE VIDRO. Certo que são objectos de arte pública. Mas são OBJECTOS. Abano a cabeça com uma expressão indiferente (às vacas, claro, quero lá saber de umas vacas-objecto-arte) e penso que estão a fechar maternidades neste país, penso na ansiedade que as mães estão a passar na dúvida de quem irá acolher o parto (já têm dúvidas do parto em si), de quem serão as mãos que irão amparar uma nova vida, se portuguesas se espanholas, se perto ou longe da família, se irão aguentar até chegar à maternidade em terras vizinhas ou se acabam por ter em casa como antigamente – e regredimos quase um século onde a parteira era a pessoa mais importante de todo o processo e penso que às tantas seria melhor voltar a esses dias, ter um acompanhamento personalizado e não um atendimento em série como se estivessemos numa fábrica com linha de montagem (entra mãe de barriga, sai com bebé nos braços) ou sermos tratadas como se fossemos gado a marcar.
Tenho pena de quem tem de sair do país para poder ter condições clínicas minimamente preparadas para um parto. Não vejo como o fecho das maternidades seja positivo para o país, país este que se queixa da baixa natalidade - faltam crianças, Senhor mas faltam também condições para as termos. Não há rezas que levem o Ministério da Saúde a repensar o fecho não só das maternidades mas também dos hospitais - ah, sim que os doentes também não se escapam à rasia da saúde e isto dá pano para mangas e também para o resto do guarda-roupa. Não há condições para nascer e também não haverá para morrer.

2 ferroadas:

Anonymous said...

PRIORIDADES TROCADAS

AnadoCastelo said...

É bem verdade o que puseste aqui, mas vê-se logo que são homens os administradores dessas maternidades e também é homem o ministro da tutela dessas mesmas maternidades. Sabem lá eles o que é um parto. Nunca o tiveram nem vão ter. E as queridinhas mulheres desses mesmos "monstros" vão para clinicas particulares com tratamento personalizado. O resto é "gado".