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29 October 2006

Acordar ao domingo

Pela manhã, os olhos abrem e fecham várias vezes, como se tivessem um pequeno peso a impedir a sua abertura e a luz do sol aproveitasse cada piscadela para invadir cada milímetro da íris que recua perante a invasão solar. Esfrego os olhos e fico a aguardar que consigam finalmente abrir. Beijo o marido (agora noivo) e dou-lhe os bons-dias. Oiço a minha filha no quarto ao lado e digo-lhe bom-dia também. Vem fazer uma visita à nossa cama, como lhe é hábito pela manhã, o que me faz sempre sorrir. Tenho intenção de tomar banho e penso que já deve ser tarde e os vizinhos devem ter tido a mesma ideia e a água não chega para todos, pelo menos não ao sexto andar deste malfadado apartamento. Abro a torneira e não oiço o esquentador inteligente - a sua aptidão resume-se à sua capacidade de acender e apagar o pavio a cada girar de torneira de símbolo vermelho. A água fria jorra do duche e confirma os meus receios. Não está tempo de duches frios apesar do Verão de S. Martinho ter chegado. Torço o nariz e vou pedir socorro ao marido - perdão, noivo - que assume o papel de cavaleiro andante e ajuda-me a tomar um banho improvisado de "jarradas" (água em jarro). Sinto que recuei no tempo e fico a imaginar como seria tomar banho há dois séculos. As senhoras em tinas de madeiras onde as criadas levantavam jarros de bronze aquecidos à lareira e deitavam a preciosa água quente pelas costas das damas enquanto estas se esfregavam com pequenas toalhas de algodão. Até estes banhos desprovidos de água canalizada foram mais nobres que o meu duche de hoje.
O sorriso da minha filha faz-me pensar que não quero que ela passe pelo mesmo tipo de limpeza higiénica que eu. Faz-me falta uma banheira e sei quem tem uma: a avó. É para lá que vou.

1 ferroadas:

AnadoCastelo said...

Gostei muito da história e o resto? Chega-se ao fim e parece que falta qualquer coisa.

Quero o resto, sniff!!