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26 October 2007

Também quero ser forte

Não, não era assim que eu queria começar. Era por qualquer coisa, uma palavra qualquer que definisse tudo aquilo. Mas não a encontro. Não tenho a palavra que resuma este pedaço da minha vida em questão de segundos e me poupe à lembrança dos acontecimentos recentes. Não há uma só que descreva a tentativa de aliviar outra dor: de apoiar uma tia à beira da morte, plenamente consciente do seu destino. Que sorri, sorriso sincero, ao ver a família a visitá-la. Que ouve atenta, sem forças para mais, à descrição da minha vida. Que responde à pergunta “Está cansada tia?” com a ligeireza de uma mente desperta: “Fui ao baile, cheguei tarde”, responde sem força para mais, da sua cama hospitalar. E ri-me, no meio da desgraça, por ter sido apanhada numa graça, de justificação impossível, acompanhada de um humor que não esperava. E todos imaginámos um baile qualquer onde a tia participou, com o seu cabelo ralo e estômago vazio (não comia há 2 semanas) mas de sorriso aberto, na sua baixa condição.
Poderíamos ter feito mais? Duvido. Duvido de tudo, da doença, da família, da natureza humana.
No fim, não consigo esquecer as palavras trocadas entre tias, da última visita que lhe fiz e a vi com vida, no meio de uma doença instalada e que a levou definitivamente: “O que são as mulheres?” perguntou uma. “São fortes” respondeu nas suas últimas palavras.

3 ferroadas:

Dia said...

Tão bonito, abelhinha.

AnadoCastelo said...

Pois é, e só tenho pena de não ter cá estado nesse domingo para ainda a ver com vida. Estava muito longe. Mas o destino não quis. Mas também sei que ela está bem já não sofre, e é o que me consola.
Jokinhas

jocasipe said...

Palavras sentidas, momentos em que sentimos o quão pouco fortes somos perante as inevitabilidades da vida.
Abraço de apoio.